Sua casa vivia sempre com as janelas abertas para que a estante que guardava seus livros, fosse apreciada pelos outros. Eram livros imensos, e de autores diversos, variava de pensamentos de Platão, a Oswald de Andrade. Ele saia todos os dias de carro, mas sempre voltava andando, dizia que aquilo era recomendações do médico, um pouco de exércicio lhe faria bem. Na calçada de sua casa, era comum sempre avistar uma, ou duas moças mantendo o local limpo. Algumas tardes colocava uma cadeira de balanço na varanda e sorria vendo as crianças brincarem na rua. Bem, todos que conheciam o Osoritnem o julgavam como um homem simpático, culto, feliz e rico. No entanto estavam todos enganados, ele nem ler sabia, aqueles livros eram de enfeite, simplismente, enfeite. Deixar bonito não sua casa, mas sua aparente personalidade. Ele não voltava de carro porque o seu salário só lhe possibilitava a ida. E as moças que limpavam sua casa, eram sobrinhas órfans que ele ajudava e em troca, elas faziam o serviço doméstico. Não era um homem feliz, todas as noites ele chorava com ninguém, a solidão. Simpático não, apenas tentava ser educado,dizer que tinha "berço", mas mal sabia que não é o lugar de onde viemos que faz de alguém o que se pode chamar de homem, e sim para aonde vamos, as escolhas que tomamos. E ele preferiu não ir além, não abrir mão do pensamento alheio.
E todos os dias, quando caminhamos na rua, toda aquela gente fantasiada e nem é carnaval. Mas já estamos tão acostumados a enxergá-los dessa maneira, que achamos super normal nos escondermos atrás de etiquetas famosas, de trabalhos com " status", de sorrisos que choram, de palavras que não querem dizer nada se não, uma mentira. Vendemos diariamente, coisas "dupla face": papel higiénico, lençóis, guardanapos e até mesmo roupas. Esses obejtos são sempre mais caros, porque segundo analistas, valem mais a pena. Mas se quer saber, um dia eles perdem o valor, um dia se rasgam e assim como as pessoas Osoritnem, ou mentirosas, como queira chamar, mostram que não são nada, além de embalagens e conceitos inseguros que pessoas também inseguras empões sobre os mesmos que se deixam levar por essa onda de ser o que não é.
É imprevisível, logo contraditório: a verdade sempre aparece.
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