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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Tem um louco vivendo!

Certa vez um Ricardo que vivia inconformado, decidiu sair numa manhã de domingo com seu violão. Ele caminhava sem destino, tocando sua viola junto aos passarinhos. Parecia um tanto louco, talvez estivesse. Estava numa depressão danada e agora acordava assim, vivíssimo! E ele cantava os males da vida, levava consigo o cheiro da mata, a pureza das plantas. Empolgado, começava a assobiar, os pintassilgos no mesmo ritmo formavam um coral incrível. Dançava engraçado levantando as pernas, rodopiando.. eu avistava tudo um pouco distante para que não fosse percebida. Andava de bicicleta quando vi o suposto insano. Ele foi adentrando a floresta, desci da bicicleta e o segui. Parecia falar com os animais que iam lhe acompanhando para sei-lá onde. Até que ele sentou em uma rocha e começou a cantarolar minha música preferida. Não resisti e cantei junto. Quando o barbudo reparou na minha voz parou, olhou para os lados e cantou:" você está ai, está aqui, está ali." Eu fiquei com medo, o rapaz parecia já ter tragado umas.. Ele falava: "estou chegando meu amor, é você que já me chama." Então se levantou, balançando a cabeça em um ritmo legal e foi subindo um monte. Já estava escuro, e eu, provavelmente perdida. Até que no alto de uma cachoeira o danado resolveu cantar, foi quando pensei que ele fosse se jogar ali de cima e gritei. Ele me viu e perguntou quem eu era. Respondi que era uma garota curiosa que se perdeu na floresta. Então ele me chamou até o alto onde estava. Lhe falei que pensava que fosse se matar. Ele sentou-se, eu também. Me calei e o olhei , ele falou:
"Sabe, me chamo Ricardo e há algum tempo achei que tinha perdido a vida, pois minha filha morreu. A depressão tomou conta de mim e a minha mulher me largou. Então nunca mais sai de casa ,nunca mais cantei, dancei. Até que ontem eu tive um sonho com minha pequenina, me falava que estava triste porque eu ainda não havia cantado a música que tinha feito para ela. A Iara, tinha uma doença grave, e antes que fosse para o céu pediu para que fizesse uma música para ela. Eu fiz, só que ela teve uma crise, foi parar na UTI e não pude cantar para minha filha. Quando faleceu deixou um cartão com o médico, nele tinha uma estrela desenhada em cima de uma cachoeira e de letras cor de rosa estava escrito: canta para mim. Eu não tinha forças, nem coragem, até que esse sinal me veio então, me levantei e vi até aqui cantar para ela."
Ele apontava para uma estrelinha que brilhava fortemente. Retirou a letra da música do bolso e cantou para o céu, pensando na filha. Bem, como dependente que sou, dormi fora aquela noite.

Eu sou psiquiatra, e para mim aquele rapaz da viola não tinha loucura, tinha amor.
Insano seria passar a vida sem viver, e não tocar viola para o céu até o amanhecer.
Naquela noite, as estrelas brilharam como nunca, dançavam com o som agradável.
Não há problemas em dar ouvido a coisas improváveis, pois anormal aquele que não acredita em sonhos, em estrelas que dançam , em senhores que tocam e dançam engraçado para matar a saudade e viver feliz. Insano, louco os que não se deixam levar por uma canção de amor.


Por Carol Oliveira que quer ser psiquiatra, escritora e se deixou levar por uma canção.

2 comentários:

Anônimo disse...

mt bom msm cagolzinha! =p
;**

Anônimo disse...

Lori: que lindo carol, ficou otimo esse *-*