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domingo, 10 de outubro de 2010

O circo ciclo, a vida vida

Ela, Lindoca, sempre fora um tanto carente. Em um dia normal e chato de domingo foi ao circo com as primas. Amava circo.

Os tambores batiam, seu coração acelerava, ela olhava atentamente para as cortinas.O espetáculo iria começar. Entrava um homem bem arrumado de preto, com uma voz diferente, apresentava quais seriam as atrações.

Foi chamado o mágico com suas ajudantes, sempre bem enfeitadas. O mágico retirava de sua boca metros de papel, desaparecia com a pomba, tirava o coelho da cartola, partia uma ajudante no meio e sumia com a outra. A gorda Lindoca observava tudo questionando e criando hipóteses que justificassem os truques do rapaz de bigode. O show de mágicas acabava e lá vinha o outro da voz diferente, anunciar a próxima atração " Chamo agora, eles os homens de coragem, de força de garra, os acrobatas Lion e Giorgon!"

As pessoas do picadeiro aplaudiam os artistas que usavam roupas coladas e reluzentes. E começava mais uma vez a tensão.. Eles pulavam de um lado a outro de uma altura imensa.. todos atentos, com os batimentos a mais de mil, batiam palmas para cada salto. Lindoca atenta a todos os movimentos. Seus olhos brilhavam com tudo aquilo, imaginava como deveriam ter aprendido.

Encerrado a atração, uma música engraçada começou a tocar.. anunciava o falante a chegada dos palhaços Tintoreto e Pipoquita. Saiam de um carro quebrado e começaram a dançar a música da Serafina. Foi então, que o coração da garota gorda começou a bater ainda mais forte. Tudo ficava em silêncio ao seus ouvidos, detinha-se apenas a olhar o jovem palhaço Tintoreto.. reparava em tudo, na sua piruca, na sua roupa, seus dedos, sua canela... aquela canela branca e que a fez abrir o primeiro sorriso de todo o espetáculo. O barulho voltou, prestou atenção na voz do palhaço, na sua dancinha engraçada, na sua canela. Não parava de rir.

Chegou a hora do intervalo, os artistas de dirigiam aos camarins. Sua vontade era de entrar no ambiente onde estava o Tintoreto e tirar sua peruca, tocar sua canela. Mas, não dava.. o intervalo acabou, ela sentou no picadeiro, os palhaços voltaram.. Então ela fixou os olhos no menino pintado que estava no palco.. o encarava fortemente, buscava que ele retribuísse o olhar. Estava apaixonada, talvez atraída pelo engraçadinho. O show acabou, ela não parava que comentar com as primas sobre o palhaço e suas canelas brancas.

Na hora de dormir não tirava o sorriso do rosto lembrando dele, queria um dia descobrir seu nome, casar-se com um palhaço, viver a vida de um circo.

Afinal, O que são os dias se não espetáculos? o que somos nós se não platéias ? o que são os outros se não artistas? O que é o tempo se não magia ? O que é a vida se não um circo?

Enfim, uma vida com vida tem que ter mágica, palhaçada, tensão, aplausos.. deve ser viva.

Por Carol Oliveira

2 comentários:

Anônimo disse...

cagol,cagol já conheço essa história de se apaixonar pela canela do palhaço! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'

/fernanda

Mateus Luz disse...

Amei o texto...
Gostei muito da análise final.
Parabéns e sucesso ae!
http://guardeparaosdiasdechuva.blogspot.com/